quinta-feira, 17 de novembro de 2011

reportagem lançamento de livro " CAPAS " em casa da vinha | recarei

Cartaz promocional (fotos desta reportagem, cortesia de Fernanda Perdigão)

Assim começou a noite com lareira acesa

Fernanda Perdigão abriu a sessão como apresentadora dos autores

Pormenor da assistência

Membro da Associação Cultural Vinha das Artes, dando as boas vindas aos convidados

Convidado participando na declamação aberta ao público

Convidada participando na declamação aberta ao público

Convidado participando na declamação aberta ao público

Convidado participando na declamação aberta ao público

Convidada participando na declamação aberta ao público

Aos convidados foi servido um Porto de honra poético

Fernanda Perdigão, num momento poético de declamação (performativa) a duas vozes com Angelo Vaz

Fátima Porto dando voz a um poema

Momento performativo de Angelo Vaz

Matriarca da Casa da Vinha

Angelo Vaz ao lado do Patriarca da Casa da Vinha

Momento de tertúlia com os convidados

reportagem lançamento de livro, " CAPAS " | fundação jorge antunes | Vizela

Cartaz promocional

Fátima Porto e Angelo Vaz, (declama poema alusivo a Vizela, sua terra natal, dando inicio oficialmente ao lançamento de " CAPAS " )

Dra. Maria José Pacheco (apresentadora dos autores) | Angelo Vaz e Fátima Porto

Georgina Mendonça (madrinha do autor) | Angelo Vaz e Fátima Porto

Pormenor de assistência na Fundação Jorge Antunes

Conceição Lima em momento de sarau de poesia

Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Vizela em momento de sarau de poesia

Gergina Mendonça em momento de sarau de poesia.

Angelo Vaz encerra a sessão, declamando poema de Fátima Porto " Menina " com dedicatória a Maria Galante (amiga da autora).

Textos de apresentação por Dra. Maria José Pacheco:
Quanto a pintor e poeta Angelo Vaz me contactou a solicitar a apresentação em parceria com a colega Fátima Porto, não podia deixar de ficar muito surpreendida com a escolha por não me sentir a pessoa credenciada para lide tão difícil.
Após algumas hesitações, acabei por aceitar em virtude de considerar alguns factores relevantes: Angelo Vaz ser nosso conterrâneo, já ter apreciado a sua pintura e a convicção que a sua qualidade continuaria na poesia. E, ainda, por saber que no coração de todos nós, a poesia passou a ocupar um lugar bem especial, após a publicação de Ana de Sá e de Bráulio Caldas, no século XIX. Por último, o sim teve a ver algo com o carinho que sinto pela Fundação Jorge Antunes e a simpatia que sempre mereceu a sua Directora, a Dra. Márcia.
Angelo Vaz teve depois a amabilidade de me fazer chegar o livro já impresso e logo que o folheei não me arrependi da aceitação para estar convosco hoje nesta noite cultural. Os autores dominam o universo da linguagem poética e o mérito dos textos e evidente. Optaram por uma escrita clara, acessível, agradável ao ouvido, usaram geralmente o verso livre, mas com ritmo, pois ele é um dos elementos essenciais de verso, ainda que conseguido de diversas formas, pela sucessão de sílabas fortes e fracas, isto é tónicas e átonas, pela forma como as palavras se ligam umas às outras, pelo número de cada verso, pela repetição de vocábulos, um pouco pela rima de quando em vez, etc, etc.
Mas já é tempo de abordar convosco o título do livro e o tema central dos poemas. Mas antes queria apenas lembrar a afirmação de um grande escritor, Virgílio Ferreira.
Quando um dia lhe perguntaram o que pensava de um livro seu, o autor respondeu: -o livro já está publicado, portanto ele já não é só meu, é também de cada leitor que depois de o ler terá uma opinião de acordo com as suas vivências e gostos pessoais. Toda a arte é subjectiva e, como tal, sujeita ao gosto de cada um.
Portanto a ser assim as minhas reflexões representam apenas uma perspectiva, mas serão enriquecidas com a leitura que cada um de vós irá fazer. Para mim os autores foram felizes logo como o título “ Capas “ e que deram também ao último poema. O vocábulo capa é susceptível de sentidos variados. Ainda que a sua forma mais vulgar signifique uma peça de vestuário que nos aconchega e nos conforta no frio, mas pode também servir para ocultar qualquer coisa. Daí poder envolver um certo mistério. Portanto, ainda que nos nossos poetas queiram dar a impressão de se terem desnudado perante nós, talvez lá no fundo do seu íntimo, pensem que não foi bem assim. Já Fernando Pessoa escreveu: “ O Poeta é um fingidor “.
“ Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente “
E o poeta é, quanto a mim, também um fingidor, no sentido até de ser um malabarista da palavra. Mas ele sente as suas emoções até de uma forma mais veemente do que nós, ainda que goste de as camuflar, isto é de colocar as suas máscaras ou capas.
Acresce ainda que o título “ Capas “ poderá ter algo a ver com o seu conceito de modéstia. A poesia plena estará apenas no íntimo das suas almas, o resto são apenas capas…
De qualquer forma, o que nos importa é que souberam expressar os seus sentimentos com uma arte que é literatura. O contributo estético de Angelo Vaz abrange trechos de prosa poética. Pensamentos que lhe são caros e principalmente poemas.
Por motivos óbvios de tempo e para lhes dar o prazer da descoberta, apenas me irei referir a dois ou três desses textos.
Após um prefácio muito interessante de um amigo também poeta, o livro abre com dois textos em que Angelo Vaz, em meu entender, nos prepara para a essência dos seus poemas. Intitulou o 1º texto de “ Janela “, que não era uma qualquer, mas um sítio que se coadunava com sua maneira de ser, ela era o seu refúgio aconchegante mesmos nos dias de Inverno. Nas palavras do poeta a janela era um “ respiro de um constante sobe e desce “ intimista; até que alguém, malvado, destruiu a janela…
Mas será preciso ler o segundo texto. Intitulado “ Imagem “ para ficarmos a saber quem, naturalmente o acompanhava. Quase sempre, a subir e a descer. O poeta vai passear para uma avenida, próxima de sua casa, junto ao mar.
Cruza-se com pessoas que talvez fossem interessantes, mas não as vê, nada lhe dizem. E então agora sim, ficaremos a saber qual o tema central de todos os seus poemas que giram à volta do amor ou melhor saudade.
Se admitirmos aquela definição que a saudade é um amor que permanece. Fala de um amor físico que creio se poderá dizer, de uma paixão obsessiva.

É, por exemplo, uma gaivota que a dançar escreve num rasto um nome, o da sua amada. Mas o vento tudo leva e o poeta cai em si e sente a angústia da desesperança ao pensar que não mais a encontrará, pelo menos na forma apaixonada. E em todos os seus poemas irá perpassar o frémito do prazer, seguido da revolta pelo abandono.

O autor viveu um amor físico pleno, só que a vida nada nos dá em definitivo e o poeta sabe disso e sente que só a sua arte poderá sublimar a angústia. Daí, como já estão os poemas em “ Capas “ representam a narrativa desse amor carnal, polvilhado com o encanto da criação poética, bem patente logo no início. No primeiro poema, intitulado “ Cama “, poema de uma só estrofe de nove versos com raízes antigas na literatura portuguesa, os três versos iniciais e os dois últimos são sugestivos a dar o tema de amor que o poeta vai cantar, vejamos:
Tão longe do meu corpo
Tão perto do meu pensamento e desejo
Por ti perdido.
E a terminar:
O amor, esse fica para a memória
De ser corpo abandonado!
Depois o poeta percorre o labirinto da memória à procura dos ligares míticos que o fascinaram, o quarto, a areia, o mar e os rituais aí vividos. Mas cuidado, há títulos de poemas que á primeira vista poderão enganar. Assim um deles, “ Despir “ poema formado de três estrofes que principiam pelo vocábulo “ Despir “, recurso a que se dá a designação de antecanto. O poeta quer tentar viver a sua dor em silêncio, assim vejamos:
Despir o corpo da dor
Dor que permanece em silêncio
E, a terminar o poema, repete o verso:
Despir o corpo da dor
Com raiva, amor e ódio!
E estas palavras raiva, amor e ódio serão as traves mestras dos poemas de Angelo Vaz.

Mas ainda outros lugares mais prosaicos, como um simples comboio, servem como está patente no poema “ Carga “: formado também por uma única estrofe de treze versos, a meio do poema, o poeta afirma:
Rios mortos de desejos
De saborear teu corpo
Mais adiante:
Ignorando
Tua carga
Tua mercadoria
De prazer
Neste poema, como em muitos outros o poeta recorre ao “ cavalgamento “, isto é a pausa habitualmente final passa para a linha seguinte. O nosso poeta como já afirmei usa o verso livre e o “ cavalgamento “ permite dar uma maior mudança rítmica e irregular.

No poema “ Desejo “ formado por uma longa estrofe, o título pode criar uma certa espectativa que acaba por nos surpreender.
O sonho de possuir a mulher amada desfez-se e o poeta vai recorrer muito à hipérbole, figura de estilo centrada no exagero. Procura então mostrar a intensidade do seu sofrimento, ele é:
Homem sem vida
Coração de pedra,
Alcoolizado de maldade
Esquecido em terra
Terra que lhe pese, etc, etc.
Numa poesia muito cuidada “ Amante “, formada por três sextilhas e a terminar numa de quaro versos expressa o que mais desejava que acontecesse. Para tal vai usar a repetição dos três primeiros versos em todas as estrofes e em todas o quarto verso começa pela palavra “ Desejo “, é uma espécie de refrão ou estribilho que empresta força poética ao texto:
Sabes
Não tenho com quem partilhar segredos
Não tenho como esconder
Desejo de sentir teu corpo, etc, etc.
É um poema confessional para a mulher amada com desejo que ela fixe bem os rituais que para ele estão bem presentes no seu sentir.

E assim sucessivamente, apesar do tema ser constante, o poeta não se torna monótono, graças à sua arte de encontrar uma linguagem poética sempre diferente. O facto de ser um bom pintor, habitado a mudar o cenário e a moldura do quadro, talvez tenha facilitado a sua missão de abordar um estado de alma permanente, sempre de forma variada.

Estou convicta que cada um de vós que ler as poesias “ Capas “, não irá perder o seu tempo, se tentar no que o nosso poeta e conterrâneo aforma e ainda nas formas, na beleza poética e recursos estilísticos de que se serve para conseguir os seus objectivos, como tentei mostrar nestes pequenos exemplos.

Mas antes de abordar a poesia de Fátima Porto, ainda que esteja em más condições de voz, gostava de terminar as reflexões sobre Angelo Vaz com a leitura de um seu pequeno poema de que gosto pela graciosidade da forma como trata o tema, tem como título.
Lenço

Nos braços do vento
Um lenço voava
O vento pousou-o a meus pés
Estava triste
Tinha a pele enrugada
Uma mancha de sangue
Uma lágrima molhada!

Nos braços do vento
Um lenço voava…!


Fátima Porto é co-autora do livro “ Capas “. Nasceu em Angola, veio para Portugal em 1975, estudou em Coimbra e trabalha no sector bancário. Fala-nos de um universo diferenciado de Angelo Vaz e escreve uma poesia menos elaborada e intensa, mas com uma temática variada que não deixa de nos prender, pois nela transporta uma alma sensível que recorda, num sofrimento, ora de revolta, ora mais resignado, o que menos bem na sua vida. Evoca ainda em mais do que um poema de solidão, problema que tanto caracteriza o nosso tempo.
Desde muito cedo diz-se fascinada pelos encantos da poesia. Espero que continue a escrever e a ler os bons poetas que constituem uma das partes mais belas e notáveis da literatura portuguesa.

É nas recordações e nas vivências da maior parte dos seus dias que encontra a inspiração para transmitir ao papel o que sente e pensa. Quanto mais não seja, vai para o seu canto preferido que umas vezes está numa nesga da sua alma para aí se “ aquecer com os restos de um passado “ que já lhe sorriu, outras para uma simples penhasco tendo a lua como companhia, ou ainda a fascina o seu “ castelo “ virtual, desmoronado, no meio do oceano.

Com as pedras que restam tenta construir um “ Porto Seguro “ e de lá estenderá a mão a quem quiser visita-la, tal como as “ castelãs “, que se prezam. A hipocrisia e a falsa piedade revoltam-na, como poderemos ver nos poemas. “ Sigo “, “ Sentimentos falsos “ e “ Máscaras “.

Como fiz para Angelo Vaz, apenas irei mencionar um ou outro poema numa tentativa de despertar o apetite do leitor.
O conjunto das poesias inicia-se com “ O Piano “, uma boa escolha a fornecer-nos uma pista para definir o seu conceito da vida e que se irá repetir ao longo de outros poemas. A vida para a autora desenrola-se em vários planos, mas com o predomínio dos matizes sombrios. O poema começa por se desenvolver em duas sextilhas em que as estrofes vão diminuindo progressivamente do número de versos, alterando o ritmo do poema numa tentativa de acompanhar os sons do piano.
Também não lerei os poemas na íntegra, mas apenas os versos que melhor corresponde ao objectivo que pretendo alcançar. Vamos então ao “ O Piano “, que toca:
Sai do piano…
Sons tristes
Melancólicos em oitavas
Onde as mãos se cruzam
Tons graves
Misturados com suaves

De repente
Um acorde forte
Como um grito

Seguem-se trinados
Tentando não mostrar
O choro amordaçado
Sofrido… etc.
No poema “ Vida “ de grande leveza, organizado em pequenas estrofes, de dois versos e em todas elas surge como antecanto o vocábulo vida. A mesma palavra do início e do fim da poesia, o que constitui para o ritmo e grande leveza do tema tratado e ainda a combinação de vogais abertas como (a) a alternar com as semivogais (i) e (u) ou com o (e) fechado, assim:
Vida torturada
Amaldiçoada

Vida em rodopio
Atropelo

Vida chorada
Lágrimas

Vida de raiva
Contida, etc.

E ao ler o poema quase ouvimos o piano tocar:
Sons melancólicos
Tons graves
Misturados com suaves
E até apetece concluir que a poesia é também música!

Logo a seguir no poema “ Menina “, a rapariguinha de que a autora fala surgiu no mundo bela e alegre como uma flor em que as pétalas desabrocharam “ ao orvalho da manhã “, mas alguém lhe colocou espinhos e a fez sofrer, abrindo “ feridas que doeram e ainda doem “, etc.

É uma poesia cheia de metáforas, umas mais originais do que outras naturalmente, mas o que mais me chama a atenção é pensar que a autora está a falar de si própria, mas sem empregar o discurso na primeira pessoa. Mesmo provavelmente querendo falar de si, ela dirige-se ao tu:
Tu que foste
Um botão
Que desabrochou
Para o mundo

Te puseram espinhos, etc, etc.
É com se Fátima Porto tivesse pejo de traçar de si um belo retrato em todo o esplendor na pureza da sua adolescência… para além do tema ser bastante glosado na literatura a até por associação de ideias nos fazer lembrar a teoria de “ Bom Selvagem 2 do escritor da Suíça da língua francesa, Rousseau, segundo a qual as pessoas nas cem boas e só a sociedade as amachucam.

Logo a seguir vem o poema “ Lágrima “. Nele já a autora se sente á vontade para falar na primeira pessoa. Descreve a partida da pessoa amada e a “ Lágrima agridoce “ que não conseguiu conter a afirma:
Saudades de te ver
Partir
Vidas quebradas em silêncio
Corações partidos

E a terminar:
Tranco-me para o mundo
Num grito
Incontido
Uma lágrima rolou…
O tema da despedida é geralmente sentido por todos. Tem sido tratado ao longo dos tempos por grandes poetas como João Roiz Castelo Branco, segundo alguns parentes dos Senhores do Paço de Gominhães, situado aqui em Vizela, e que principia:
“ Senhora, partem tão tristes
Meus olhos por vós, meu bem, “ etc.
Sem esquecer Camões que glosou o tema em “ Os Lusíadas “ e na poesia lírica, como no belíssimo soneto:
“ Aquela triste e leda madrugada
Cheia toda de mágoa e de piedade “, etc.
A solidão como já referi, é um tema caro à autora, em “ Minha solidão “ usou apenas uma longa estrofe, talvez para melhor dar a impressão de uma angústia que se prolonga e o ritmo é dado pela combinação de silabas átonas com tónicas, pela colocação, em pontos estratégicos de pequenos versos, dissilábicos e trissilábicos, um pequeno exemplo:
Memórias não se apagam
Feridas que sangram
E eu só
Dor latejante
Que me persegue
E corrói!
Creio que pelo pouco que ficou dito estamos perante dois poetas que foram buscar a inspiração a temáticas muito diferentes, merecendo uma leitura atenta nestas noites frias de Inverno.

Termino com a leitura de um poema de Fátima Porto que, de forma intensa e sugestiva, evoca a angústia no feminino, intitula-se:
Tu mulher

Mulher que te transformas
Por raiva
Ódio
Mulher que te flagelas
Por tua dor
Angústia
Mulher que te escondes
Da doença
Da morte
Mulher que vives na solidão
Sem família
Sem amigos
Mulher que não choras
Sem alma
Sem esperança
Mulher que te renegas
Sem luz
Triste
Esta mulher simplesmente
És tu mulher…



Vizela, 18 de Novembro de 2011
Maria José Pacheco

reportagem lançamento, " CAPAS " | centro cultural de alfena

Cartaz de lançamento

Angelo Vaz, abre oficialmente a apresentação.

Angelo Vaz | Fátima Porto e Dr. Rogério Palhau, orador principal.

Angelo Vaz, serve cálice de vinho do Porto aos convidados.

Pormenor da assistência.

Sessão de autógrafos

Abgelo Vaz | Fátima Porto

sábado, 12 de novembro de 2011

reportagem lançamento," CAPAS " | círculo católico de operários de vila do conde

Cartaz de apresentação, no Círculo Católico de Operários de Vila do Conde | 2011|11|11

Da esquerda para a direita, Dra. Marta Miranda | Angelo Vaz | Fátima Porto

Pormenor da assistência

Momento musical de Aires Pinheiro

Oferta da obra " CAPAS " pelos autores, à representante do C. C. O. de Vila do Conde

Oferta da obra " CAPAS " pelos autores, ao musico vilacondense, Rui Terroso

Sessão de autógrafos, com poetisa Helena Duarte

Fátima Porto, autografando

Angelo Vaz, autografando